Foi na 8ª série que li Cecília Meireles pela primeira vez, não me esqueço dessa atividade e nem da poesia declamada, pois era ''mulher ao espelho'' , e quando li, me senti acolhida.
As coisas ganharam uma nova perspectiva, nunca fui a '' garota bonita'' ,nem na escola, nem na vida. E foi ali, naqueles poucos versos ,que comecei a pensar sobre essa ''beleza'' que tanto almejamos, o que é beleza? o que é necessário para ser considerada bonita ? quem decide isso ?
Depois de tantos anos ainda me faltam respostas, mas ter ganhado consciência para perguntar,mudou tudo.
Mulher ao espelho
Hoje que seja esta ou aquela,
pouco me importa.
Quero apenas parecer bela,
pois, seja qual for, estou morta
pouco me importa.
Quero apenas parecer bela,
pois, seja qual for, estou morta
.
Já fui loura, já fui morena,
já fui Margarida e Beatriz.
Já fui Maria e Madalena.
Só não pude ser como quis.
já fui Margarida e Beatriz.
Já fui Maria e Madalena.
Só não pude ser como quis.
Que mal faz, esta cor fingida
do meu cabelo, e do meu rosto,
se tudo é tinta: o mundo, a vida,
o contentamento, o desgosto?
do meu cabelo, e do meu rosto,
se tudo é tinta: o mundo, a vida,
o contentamento, o desgosto?
Por fora, serei como queira
a moda, que me vai matando.
Que me levem pele e caveira
ao nada, não me importa quando
a moda, que me vai matando.
Que me levem pele e caveira
ao nada, não me importa quando
.
Mas quem viu, tão dilacerados,
olhos, braços e sonhos seus
e morreu pelos seus pecados,
falará com Deus.
olhos, braços e sonhos seus
e morreu pelos seus pecados,
falará com Deus.
Falará, coberta de luzes,
do alto penteado ao rubro artelho.
Porque uns expiram sobre cruzes,
outros, buscando-se no espelho.
do alto penteado ao rubro artelho.
Porque uns expiram sobre cruzes,
outros, buscando-se no espelho.
Cecilia Meireles